Métodos de aplicação de tintas

Data de postagem: Dec 02, 2015 9:28:29 PM

A tinta pode ser aplicada em estado sólido, sob a forma de suspensão gasosa ou em estado líquido. As técnicas variam dependendo da prática ou dos resultados desejados.

Estado Sólido

Em estado sólido (em aplicações industriais e do ramo automóvel) a tinta é aplicada sob a forma de um pó extremamente fino que depois é “cozido” a altas temperaturas (160˚C-200˚C). Esta acção funde o pó e faz com que ele adira à superfície. As razões prendem-se com a química da tinta, a superfície e a própria química do substrato. Esse tipo de tinta é comummente conhecida por tinta em pó e a sua aplicação é denominada lacagem.

Aerossol

Como suspensão gasosa, a tinta passa a alta-pressão numa pistola que a projeta sobre a superfície a pintar. A causa para esta situação prende-se com as seguintes razões:

o mecanismo de aplicação é o ar e por isso nenhum objecto sólido alguma vez se introduz entre o objecto e a pistola;

a distribuição da tinta é muito uniforme e por isso não existem texturas na superfície;

é possível aplicar pequenas quantidades de tinta;

algumas reações químicas na tinta envolvem a orientação das moléculas da tinta.

Estado Líquido

Em meio líquido, a aplicação pode ser feita diretamente através de mergulho das peças em tinta, cortina, trinchas, rolos, espátulas e outros instrumentos como bonecas (pedaços de tecido), luvas e os próprios dedos da mão.

Pincel

O pincel é o método mais comum de aplicação de tinta em arte. Industrialmente, e por ser o método menos produtivo (7-35 m²/8 h)[5] é sobretudo usada na aplicação de pequenas áreas, bordas, cantos e zonas de difícil acesso. A trincha (pincel largo) é muito adequada para a aplicação de primários, pois a trincha força a tinta a entrar nos poros e pequenas irregularidades da superfície, sobretudo em soldaduras de estruturas metálicas onde confere uma boa penetração da tinta primária.

Os pelos de um pincel/trincha podem ser naturais, de maior qualidade, ou sintéticos. Os pelos naturais têm excelente resistência aos solventes, o que não sucede com os sintéticos

RoloA pintura com rolo é adequada em áreas planas onde a aparência final da não é muito exigente.

No entanto a penetração e molhagem de superfícies difíceis é melhor conseguida com trincha. Por esse motivo, a aplicação de primários com rolo é fortemente desaconselhada.

O rolo de pintura consiste num cilindro de baquelite com um felpo colado. Este pode ser feito de lã de ovelha, mohair ou fibras sintéticas.

A altura das fibras pode variar entre os 5 e os 30 mm, quanto maior for o comprimento das fibras, maior a quantidade de tinta aplicada, mas pior o aspecto final.

Os rolos possuem diferentes pegas, que permitem a montagem de varas de diferentes comprimentos, permitindo assim a pintura a diferentes alturas.

Em termos produtivos e dependendo da superfície a pintar, o rolo de pintura permite produções entre 175 a 400 m² por 8 h de trabalho.

O rolo de pintura é muito usado em situações onde a pintura por pulverização (a pistola) é desaconselhada e/ou proibida (meios urbanos, estruturas metálicas já montadas, etc.). A pintura por rolo é o método mais utilizado em construção civil, pois para além dos factores atrás apresentados, os rolos de pintura permitem a aplicação de padrões na superfície pintada e também a aplicação da chamada “tinta de areia”.

Pintura por Projeção

Na pintura por projeção, a tinta líquida é transformada em aerossol e projetada sobre a superfície a pintar. Existem 3 métodos de pintura por projeção, convencional, airless e eletroestática, se bem que nesse último método também seja usado para a pintura com tinta em pó. É a forma mais usada para a aplicação industrial de tinta, devido à sua qualidade de acabamento e capacidade de produção.

Projeção Convencional: a pressão de atomização numa pistola convencional situa-se entre 0,1 e 0,7 MPa (1 e 7 bar) .[6]Na projecção convencional, é usada uma pistola de pintura onde um jacto de ar comprimido é introduzido no fluxo de tinta no bico da pistola provocando a atomização da tinta líquida em finas partículas, as quais são projectadas, pelo próprio fluxo de ar até à superfície a pintar. Este tipo de método de pintura obriga a que a instalação de ar comprimido seja equipada com elementos de purificação de ar como secadores de ar e separadores de óleo.

A capacidade de produção de uma pistola convencional situa-se entre 400 a 750 m² por 8 h de trabalho.

Projeção "Airless": na projecção airless, como o nome indica, não há qualquer contacto entre a tinta e o ar comprimido. Esse, porém tem a missão de accionar uma bomba hidráulica que vai pressurizar a tinta e alimentá-la à pistola de pintura e fazê-la passar através do bico de pintura. Quando a tinta passa o bico, sofre uma abrupta queda de pressão e este facto fá-la atomizar em partículas muito finas. A velocidade do spray é de tal forma elevada que a tinta chega facilmente à superfície a pintar.

A pressão de atomização situa-se entre 10 e 40 MPa (100 e 400 bar).

A capacidade de produção de um pintor com pistola airless varia entre 750 a 1150 m² por 8 h de trabalho.

Existe ainda uma combinação do sistema convencional com o sistema airless, conhecido pelo seu acrónimo inglês HVLP – high volume-low pressure, alto volume-baixa pressão, no qual o ar comprimido é usado tanto para pressurizar a tinta como para ajudar à atomização no bico da pistola e é actualmente o método mais usado para pequenas áreas de pintura com requisitos de elevada qualidade como são o caso dos automóveis.

Projeção Eletroestática: o princípio para a projecção eletroestática consiste em carregar eletrostaticamente a tinta ou o verniz com uma voltagem electrónica criada por um gerador de alta-voltagem, a qual é projectada sobre a superfície a pintar que se encontra ligada à terra, fazendo com que as partículas de tinta (carregadas positivamente) sejam atraídas pela diferença de potencial à superfície a pintar. Este tipo de sistema pode ter por base um sistema de projecção convencional ouairless. Devido ao efeito da gaiola de Faraday, que se manifesta com a repulsão das partículas de tinta em zonas muito próximas uma da outra, como no caso dos cantos interiores de uma peça, um sistema de pintura electroestática tem de ter sempre uma pistola não eletroestática para colmatar estas deficiências.

Existe uma variação que consiste em conjugar a força centrifuga e o poder eletroestático, através da utilização de campânulas ou discos de alta-rotação.

O sistema eletroestático é particularmente adequado para instalações automáticas robotizadas onde são pintadas peças de produção em massa e componentes com uma geometria complicada.

Devido à atracção tinta/superfície o montante de perda de tinta é muito reduzido quando comparado com os outros métodos de pintura por projecção.

Pintura por mergulho

A pintura por mergulho consiste em mergulhar uma peça num banho de tinta. Foi bastante usado antigamente, mas devido a problemas de qualidade (escorridos de tinta) encontra-se hoje em dia confinado a técnicas de pintura electroforéticas. Neste tipo de pintura, existe uma diferença de potencial eléctrico entre as partículas de tinta presentes no banho e as peças a pintar (cataforese quando as partículas de tinta se dirigem para o polo negativo e anaforese quando se dirigem para o pólo positivo) que faz com que a tinta adira à superfície. A partir de uma determinada espessura de tinta, esta actua como isolante, inibindo a continuação do processo. As peças saem do banho e são lavadas e curadas numa estufa.

Pintura por cortina

A pintura por cortina consiste da passagem de peças através de uma cortina de tinta ou verniz. É um método de elevada produção mas encontra-se restringido a componentes de reduzidas dimensões, e que só necessitam de ser pintados de um dos lados. Exemplo: envernizamento de logótipos, marcas e modelos de automóveis.